domingo, 28 de março de 2010

bicho


imagem: flickr/play4smee

pois é, hoje acordei assim:
meio prosa, meia-prosa
meio poesia
meio porra-nenhuma
completamente cansado
te tanta palavra gasta,
de tanta estrela de brilho barato
no céu da internet
internei-me em mim
e busco outras paradas:
ando cansado
de tanto canto engendrado,
gestado
E não deglutido:
ninguém devora palavras
Nem extrai delas seu sumo,
seiva da criação.
é tudo muito fastfood,
ninguém tem tempo
pro barato zen
de sobra, tudo soçobra
num mar de sargaços esgarçados
Desgarrados,
tudo é uma massa só
tanta pós-modernidade,
tanta arte
conceito
tem conserto tanta gente
querendo brilhar, como
meta
cometas deixando rastros
de luz, num universo pop-castrado
de tantos tontos?
..ando sem saco
prá tanto auê
e prefiro colo
de mãe-natureza
ouvindo pio de pássaro
canto de sapo
seguindo rastro de cobra
e botes de onça:
tem muito silêncio lá
e brilho também tem muito
de sol, de lua, de água(às vezes limpa)
sem nostalgia:
a poesia está lá: nos bichos
e nas coisas
que a gente não via mais.

6 comentários:

João A. Quadrado disse...

[é urgente saber como se extrai o ouro das minas... uma tonelada de pedra, para uma grama de dourado, não é?]

um imenso abraço, Danilo

Leonardo B.

Anônimo disse...

Que tapa na cara meu velho... e eu com meus fast-poems. Também ando de saco cheio dessa pós-modernidade que já não tem referência em mais nada...

Um abraço!

Márcia de Albuquerque Alves disse...

..ando sem saco
prá tanto auê
e prefiro colo
de mãe-natureza
ouvindo pio de pássaro
canto de sapo

Confesso que também ando cansada, preferindo esse retiro tão sério e tão certo da mãe natureza!

bjs e lindo texto!

Cosmunicando disse...

Danilo, compartilho desse fastio e desse saco cheio daquilo que é superficial e tem brilho de fósforo.
Belo texto!
abração

Adriana Godoy disse...

Danilo, posso dizer que compartilho tudo isso aí. Mas digo que no meio de tanto fast food, se acha comida boa e bem feita. Gosto tanto de seus poemas, como fossem parte de mim. Beijo.

nina rizzi disse...

há dias assim, acordamos orillados.
demais, poeta.
beijo e uma sexta santa procê.