terça-feira, 28 de junho de 2011

quero


imagem: Traveling' Librarian

Hoje, eu quero sair
e beber a manhã
como se bebe
o mais cálido dos vinhos.
quero ser o oposto
desse imposto ser
que em mim se alojou.
Hoje quero queimar os meus dedos
tocando este sol brilhante
no exato instante
em que fulgir o beijo
da nuvem sobre a lua:
integrar-me à rua
e a seus pertences.
Hoje, não quero sorrir
o sorriso dolorido
da hiena
quero, como no poema,
deixar a vida fluir.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

outro cantar


imagem: Mr. Noded/Flickr

fescenino,
me intrometo
entre teus seios
como víbora
enroscando e sugando
me meto
entre tuas pernas
e te devoro
coma fome de séculos.
mas lírico me derreto
em suores e tonus
em águas
cal
ientes
e ouso dizer
sem palavras
entre dentes:
te amo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

sobre as águas, sob as ondas


imagem: multisanti/flickr

um poemínimo, inspirado pelo texto da poeta Raiblue " "minguante blue.


Sobre as águas, sob as ondas
Andas assim: como nos evangelhos
Em seus blue estrela star
Estar assim: enlevada, enluada,
Elevada sobre as vias
Cáusticas
Do caos urbano
Que sei, lhe dói
E rói
Seu sentido mais profundo
De um mundo azul.

A vida navega em ti,
buscas paradas
Portos e portas novas,
Naves que te levem
Aos nirvanas azuis
Aos tântricos portais:
Mas os rochedos tolhem
Encolhem os sentidos
Não se escolhe caminhos
Que surgem, e se insurgem
Contra nós:

A poesia nos salva, porém,
Deste des(a)tino
Desatado caminho
Escaneado de fantasmas
Lóucidos
Que se alvoroçam
E se afogam
Em mares de tédio:

A poesia é ácida
E é lúcida
E nos ensina
O caminho das pedras
Para romper os rochedos.

E dos plexos
Solares e lunares
Há de nascer o sol
Solapando as trevas
E rasgando os véus de Isis:

O azul, bluestrelastar
Ir-romperá assim
Como lótus
Purificando o lodo.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

spleen

...ando à beira dos precipícios
com os pés no vazio
e os olhos no oco do mundo
...ando no frio da navalha
e sinto,a cada instante, o toque
gelado do corte, esfacelando
esperas
ainda me sinto vago e me sento
no topo dos everestes
longinquos
esperando nada.
ando à beira da vida
e nem me bastam copos de cicuta:
é muito mais crua
a desolação.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

penumbra


imagem: Boltron/Flickr



anapenumbra vislumbrava
lumes
e cardumes de peixes vagalumes
tremeluzindo lilazes
no breu.
ana. anavegando estrelas vagas
vegas
e constelações centauricas
em viestradas lácteas
úberes mamas
de leite branco e bom
escorrendo pelos cantos
das bocas e das vozes
vezes cem vezes mil
milagres dos instintos
e dos presentimentos
cerebrais:
córtexes, hipotálamos,
hipocampos
e os cavalos marinhos
cavalgando sonhos
nos reinos de netuno.
ana.
anavegando circulos
viciosos
dados surrados
nas mãos do acaso.
ocaso da raça?
nada.apenas ana
circunauvegando nos lençóis
em noite de luz cheia:
corpãoesia pura.