terça-feira, 30 de junho de 2009

SAXIFRAGmentos


imagem: fraresencantat3 - Xevi V/Flickr

...
e(n)cantar hei à maneira
de PoeEdgar Allan
A poesia minimal
Seminal
Animal
Das palavras ateadas
Em brasa, em fogo,
Em fogs dispersos
Em jogos
Em desertos.
Edgar Allan
E seus uivos
E as palvras candentes
Facas
A cortar sentidos
À maneira de Pound
Ez-ra
Quantos pounds?
Quantos rounds
Nestas rezas
Nestas orações
De palavras encadeadas
Sem cadeias?
Poeunds
Poe-trackings
& joyceanas imagens
miragens fotográficas
dos sonhos presos
em palavras de papel
des-pecando dos céus
como pétalas
que defecam a beleza
da poesia
mesmo fética.
Cética
Incértica
E errática
É o fim?
Neggans wake
Awaked palavra
Avenova desperta
Esperta nave
De Ulisses
Em coros de sereias
Que não entendem a palavra
Coisa, a palavra re-
Volução.
Ezrarezapound
Poe(tão)edgarallan
& joyceulissesjames
a reinventar o óbvio
e destelhar os velhos
mofos de fazer:
modus faciendi
da palavrimagem
livragem
poeprosa:
a rosa é a rosa?
Rosa rosae
Rosarum est.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Do que a gente tem fome?


foto: Modern As Ay - Robyn Galagher/Flickr

Palavrentura
Ventania que carrega
Mundos
E desagrega muros
Erguidos sem saber
No caminho do futuro
Não se sai assim de um velho ovo
De um mundo carcomido
E digerido
Vomitado sobre fezes de infelizes:

É pesado o sentimento
O cantar pesa toneladas
Quando a alma navega
Em oceanos profundos
De dores adivinhadas
O cantar nunca é leve
Quando o corpo antecipa
A ausência presente
Física,
Desfiando rosários
De queixas.

Somos todos assim,
Solitários e ermos
Em meio ao mundo
Buscando o porto:
E o porto é sempre o outro
O inferno é sempre o outro
Assim como o paraíso
E os edens que buscamos,
Como deuses
Ou anjos tortos.

Os banjos já não tocam
E romperam-se as cordas das liras
Os coros de serafins há muito
Se calaram
E a terra ruge, a alma urge,
O corpo grunhe
Horrores ruminantes

Somos todos meros seres
Solitários e ermos
Em meio ao mundo:
E o poço, o poço
Nunca tem fundo
Só chumbo nos céus
Pesados, de cúmulus
Açodando sentidos.

A poesia anda solta
Querendo se mostrar
Nas insignificâncias
E nas entrelinhhas
Mas a gente não quer ver
Ou sentir o simples
A gente prefere se perder
Em estradas cheias de curvas
Pósmodernas
De necessidades novas.

Do que a gente tem fome?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

nos bolsos da bermuda


foto: chuva e sol - flickr/L

Debruço-me sobre meu corpo
E adivinho nuances
De similitudes:
Alço-me
E me calço de luvas
De diamantes
Para tocar sóis brilhantes
E violinos de lua.
E a rua passeia,límpida
Lavada dos raios de chuva
Enquanto asculto
A minha velha canção
Oculta
Nos bolsos da bermuda.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

não é assim


foto: pain- trying2/flickr

Não. Não é assim
O início de um poema
Que se diz
Feliz....
Não é assim
O fim...assim seco,
Assim asséptico,
Assim desinfetante:
É muito mais pesado
É sujo, é descarado,
É dolorido
É impactante falar de dor
De inicio e de fim
Não é nada leve
Nem breve
Como a canção que morre
No ar.
Nem deixa rolar
Que a lágrima não rola,
Saca?
A dor é muito mais imensa
E o buraco é muito mais embaixo
E os ficares não pressentem
Jamais
A temporada de dores
E estações nos infernos
Que podem caber nos versos
Dos poemas mais simples
Dos poemas mais sórdidos
Dos poemas mais plácidos:
A dor não escolhe lugar.