segunda-feira, 30 de agosto de 2010

cisco


imagem: kaoticsnow/Flickr

para dondinha

pois a vida é risco
na parede branca do universo
singularissimo plural.
é cisco
no olho visionário do verso:
vestal
a vida é surto
é susto
é um curto respiro:
suspiro entre atos

*
Viver-
breve hiato
entre o mergulho
e o salto.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

salto


imagem: MarcoiE/flickr

a poesia disse não
aos homens de palha
em clausuras de castelos:
-sou pássaro, sou asas,
sou vento
e não me apetecem
brilhos
irreais-
A poesia disse não
E se atirou no vácuo
Buscando, sabe-se o que.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

caballitos de mar


imagem: antonio fernández/flickr

Los caballitos de mar
flutuam, esguios e ágeis
etéreos,
em sua insignificância:
observo-os
e impávido
junto cacos,crostas,
cascas,
partes perdidas
pixels acinzentados
para me recompor
e flutuar como eles:
poemas vida
Saltos no azul.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010


imagem: Hello Lovely/Flickr

para te comer melhor, ensaio gestos- exatos, insensatos insetos que mexem na libido,
escalo paredes, qualquer parada,rappeis, pasteis de carne de segunda nas segundas feiras das feiras livres

livros devoro,
como as palavras buscando as inexatas

as dúbias, as corriqueiras,
as prenhes de sentidos,
parindo vômitos seculares
de novas promessas:

para te comer melhor invento ventos do norte, do sul, invento vozesque sopram em teus ouvidos as carícias sórdidas de quem não tem medidas métricas ou ressonâncias
imaginéticas:

teus ouvidos são meu público
meu púbico apelo
tuas orelhas são:
mãos, pés, coxas, bunda, peitos,
meu campo de cavalgadas.

para te comer melhor eu me desdobro em outros tantos

cantos
heteronômios quatro
cavaleiros líricos
do apocalipse
buscando o gral:

qual é a tua, meu amor,
como te ganho
neste emaranhado de promessas
e premissas
vãs
de paraísos nada naturais?

para te comer melhor me entrego todo, corpo a corpo arco e flecha água e ventania
em teu desejo quente:

para te comer melhor eu sou poeta e poeto letras e palavras lúbricas em tua lingua solta
presa na minha:
tudo, tudo, tudos,
só pra te.
só prá.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

sem


imagem: flickr/L.

juntar cacos pedaços
estilhaços
partes
ligar
sentidos
retalhados
num tour de force
com a dor

**

colcha
de retalhos
patchworks assimétricos
de sangue vísceras
será a cara desse poema:

refazimento

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

entreato


imagem: jonhy/flickr

disfarço-me
e me desfaço
no falso vão
que ficou
entre o que fui
e o que sou
...
por isso, o difícil
ofício
de escrever
[buscando o um)...