sábado, 24 de março de 2012

iluminâncias

:há que se descobrir
nas entrelinhas
o sentido táctil
o tato oculto
de todas as palavras

senti-las nas mãos
see ntinelas do acaso
rolá-las como seixos
como peixes, amá-las
na clareza do aquário.

perceber
suas texturas,
tessituras acridoces
de frutas maduras
e mordê-las
goiabas,mangas,pitangas
verdevermelhos campos
sorvendo sua carne:
sumo prazer.

acariciá-las
como flores no cio
em orgasmos líricos
lúbricos lírios
alvos
a corar no gozo
do consentimento:
pleno entendimento.
:
há que se desfolhar o poema

há que se amá-lo
como se fora
o último sobre a terra
como se fora
o primeiro
e derradeiro

as palavras estão vivas.
pulsam
nos veios do papel
em veias, seios,
sexos
e querem  muito mais
do que simples toques,
de comuns mortais.

querem nosso mergulho
irracional
incondicional
sem escafandro
ao fundo do seu mar

descobrir sutilezas
e deslumbramentos
como nácar de pérolas
e iluminuras de corais,

Sobre a obra

quinta-feira, 15 de março de 2012

sempre e ainda

o tempo flui por entre os dedos
dados ao acaso
escorrega
pelos a braços pela spernas
pelos pelos
o tempo adormece nos peitos
da mulher que sonha
e se assanha, feito aranha
a tecer a sua teia
e anoitece estrelas
o tempo
escorre pelas ladeiras
e pelos tombadilhos dos navios
pavios acesos que se apagam a esmo
mesmo
que nunca nada
que se esqueçam os corpos
nas fruteiras
e os copos
em  mesas fartas
o tempo escorre.corre.escarra
escárnio de nós mesmos
e escancara a boca
de dentes alvos
sobre nossa vidas
o tempo é álvido
é olvido
sobre escombros e tumbas.


mas a vida é assombro.e em qualquer tempo
é viço. e floresce linda.
sempre e ainda.

sexta-feira, 9 de março de 2012

transe

lanço-me ao cais do efêmero
e como concha me calcifico
no mínimo transitório
transito entre o provisório
e não me quantifico
nem dias, nem anos,
a memória são planos
subrepostos
na dualidade,pressinto
os longinquos nirvanas[
e as estâncias zen
sigo assim, di/lapidando pedras
do caminho
para rasgar estradas
ou detonando estradas
para florirem as pedras
do meio do caminho
as pedras são pedras.simples
como o ar que se respira
a vida é dádiva
rumo ao incerto,
caminho, voando
no dorso dos poetas
que fizeram sua casa
sobre improbabilidades

segunda-feira, 5 de março de 2012

fibra por fimbria

:ser não.
devorar o coração
das palavras. fibra
por fimbria.sombra a/
sombro.e digerir sentidos
virgens nunca
ascultados
ser sim
gnos
lemes
vagaluzes
vagabundos
tremeluzindo no breu:
acariciciar a palavra
no bocaboca:
serassim serafim
arauto do inicio
e do fim,

sexta-feira, 2 de março de 2012

mineral

nus.nascemos nus
e não nos entendemos
nem nos estendemos
a outras mãos.somos
nós próprios
a nos enredar em
nós de marinheiros
insolúveis
e indissolúveis
tramas que tecemos
contra a invasão do outro
ao nosso reino menor.
nus.vivemos nus e enrodilhados
nos nossos meandros 
e sem escafandros saltamos
ao fundo do poço
sem o consolo do abraço
o cheiro das flores
ou o  fulgor de um beijo:
um beijo: estalactite 
e estalagmite
ardendo na boca
promessas de paraísos
aos quais nos furtamos.
fartamo-nos de nós mesmos
ao não nos desdobrarmos
num onanismo estéril.
nus.morremos nus
apesar das insignias
os signos passam
e não seguimos mais.
a imperenidade 
é a nossa casa
embora pensemos ser pedras
em sua longa noite mineral.

imagem: flickr/Dread pirate Jef