domingo, 30 de janeiro de 2011

respirais de ventos


imagem: Glockenblume/Flickr

tudo que se move
me acrescenta
me apascenta o espírito
braços que se erguem
olhos que se esgueiram
vozes que se alevantam
os suspiros: as bocas
entreabertas
os murmúrios
os barulhos do mar
e do amar
os rios
e os risos
rosas no cio
o início das coisas
O som do nada
arranhando paredes
brancas e encardidas:

a vida me comove
e remove tédios
e ócios
montanhas e abismos:
lirismos
ermos ismos
e aquilos:
tudo que se move
me comove
até à raiz do cabelo
e aos nervos à flor
da´pele
no movimento do tempo
e respirais
de ventos e

sábado, 22 de janeiro de 2011

mesmo que assim não seja


porque o desejo
não respeita muros
nem trincheiras. chega
cega e segue
e suga os corpos
numa saga impar
de não vencedores. dores
dores dores
e ardores árduos
na labuta das peles
no frêmito da carne
nas entradas e bandeiras
estradas de suores, sal
e de saliva
cuspindo beijos
iconoclastas
em qualquer boca.

porque a paixão é assim: fogo,
queimante,
brilhante e fugaz
delírio
lírio temporão
e atemporal
carnal.

e o amor, ah, o amor
há amor
fora dos compêndios
dos manuais e dos olhos
dos poetas?
o amor é aquela coisa toda
de se deitar com os detalhes
adivinhando o gosto da boca
um do outro. saber à luz
e escuro, à força e fraqueza
é beleza que se aninha
nos braços
que se estendem, que apertam,
que deliram,
ao toque simples, ao dedo
que se alcança
a um seio que entrega
à mansa sofreguidão
de quem tem
todo o tempo
mesmo que assim não seja.

poque o amor descansa
repousa em nossa pele
não busca sucedâneos
nem instantâneos poéticos:
Ele é a poesia
que se faz em cada poro
quando os amantes se deitam:
obras inacabadas
sinfonias
De corpos,músculos, nervos,
E ausência de palavras.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

breviário


imagem: Samat Jain (Flickr)

a..ve av..e ave
criaturas do mundo
s..alve sal..ve salve
oh mãe terra
concebida
nos espaços infinitos
que tua bandeira
pulse
ao som de pulsares
e quasars
e das valsas de Viena
e dos atabaques tribais
e todo o som mais
que sejam puros seus ares
e breves nossos destinos:
ave ave aves
e plantas e bichos
e coisas
e poetas miudinhos
que cantam as vidas pequenas
e filas indianas de formigas
em sua faina antiga
que minha tua nossa cantiga seja
Um hino
inacabado
um refazer em

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

sempre.


imagem: arquivo pessoal

,porque amigos a gente encontra e nos encantamos com sua existência
e cantamos cantigas para celebrar a vida, brincar e brindar o reencontro
de tantos tempos de tantos tontos tempos
que não ficaram no ontem.
passam as luas, as ruas passam, nuas as horas fogem,
os dias minguam, as dores magoam,
a vida corre, sorry! qual o caminho
em, que escaninhos da memória
vmaos guardar tantas lembranças?
mansas danças tranças transas
anjos barrocos de ourtos-pretos
poesia & pão & poesia
& caras limpás lavadas
dos encontros da vida
e de repente, assim, tão de reepente
am,i, gos voltam
I am, am I
eu sou nós somos
anmigos são. imagens tãso distantes mas tão perto como
anos luzminosos
amigos são
cor & flor
perfume & imensidão:
não, são minúcias também,são pequenezas,
são aqueles detalhes insurgentes
do senso incomum:
falta de siso, falta de tédio,
falta de iddéias velhas
os amigos se nos renovam:
e uma fala, uma voz,
num fim de tarde
reavivou saudades
trouxe lembranças
atiçou memórias
é a vida assim:
ESSE EMARANHADO DE FIOS
que não se embolam,
que não se perdem,
que não se enrolam
nas patas de um gato:
os fios de ariadne
a tecer sua teia
os fios de penelope
a aguar-mar dar ulisses
os laços ficam:
no ar, na estratosfera,
um dia voltam
assim, numa tarde qualquer.

(para adilson e Tildy, amigos , desde sempre).

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

sub-verter


imagem: Schristia/Flickr

subverter os sentidos
os desejos,
anarquizar os quereres:
somos soma assim:
cavalgando sonhos
e presenças prenhes
de tanta espera