domingo, 25 de dezembro de 2011

lume

lume. somos lume
alumiando noites escuras
e casas tristes.
somos lama: matriz
de seres novos,
derramamo-nos
em baús e bueiros:
construção 
leme somos em mares
desertos
incertos rumos prumos
só nos guiam
as estrelas
ah: o limo
das estações, elos perdidos
os enigmas: somos limo
de gerações
tudo nos chama
tudo clama:
clamamos nos desertos
e decerto
não nos ouvirão
ou verão
lumes nos céus:
mas o mundo segue.
indiferente
aos incréus
os centauros passeiam nos jardins
pastando matérias de sonhos.

sábado, 17 de dezembro de 2011

o que me move


imagem: gregory Jordan/flickr

o que me move
são as improbabilidades
o implausível me atrai
e me traz
a paz
contra a irremediável prisão
do real
e de sua finitude:
olha
no meu jardim de sons
e de palavras cruas
nuas ninfas dançam
entre centauros e cavalos
alados.
os sonhos me levam
adiante
nessas estradas sem sal
e sem suor
o impossível me acena
com prendas e rendas
de teias
que trançam e tocam 
o infinito:
olha, as cordas vibram
e as vibrantes correntes
pulsam nas partituras:
partir, chegar,
ficar, dormir,
vagar:
o eterno se faz presente
nesse mínimo momento
que é.   

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

uma porta

uma porta é apenas uma porta.e depende
de quem a toque, de quem a force,
de quem a empurre
para que possa se abrir
para que se possa fechar.
um porta.pórtico.porto.
portal chegadas, de partidas,
de adentramento
de estares 
de solidões
ou de compartilhamento.
uma porta depende. de tanto.
de tudo. de muitos.
para ser porta
de entradas e saídas
de desbravamentos
de rumos
de muros
de claridades,penumbras
ou escuros.
depende. tudo depende.
nada nem ninguém 
vive sozinho.


a vida é ciclo.
é circo de belezas
ou de horrores.tudo depende
da ótica
da ética
tudo depende
e tudo pende
como frutos maduros
de nossas cabeças.
tudo transcende
e acende em nós
o impulso maior:
vida