sexta-feira, 2 de março de 2012

mineral

nus.nascemos nus
e não nos entendemos
nem nos estendemos
a outras mãos.somos
nós próprios
a nos enredar em
nós de marinheiros
insolúveis
e indissolúveis
tramas que tecemos
contra a invasão do outro
ao nosso reino menor.
nus.vivemos nus e enrodilhados
nos nossos meandros 
e sem escafandros saltamos
ao fundo do poço
sem o consolo do abraço
o cheiro das flores
ou o  fulgor de um beijo:
um beijo: estalactite 
e estalagmite
ardendo na boca
promessas de paraísos
aos quais nos furtamos.
fartamo-nos de nós mesmos
ao não nos desdobrarmos
num onanismo estéril.
nus.morremos nus
apesar das insignias
os signos passam
e não seguimos mais.
a imperenidade 
é a nossa casa
embora pensemos ser pedras
em sua longa noite mineral.

imagem: flickr/Dread pirate Jef

2 comentários:

Adriana Godoy disse...

Danilo, surpreendente. Um tratado psicológico poético sobre o ser que nós somos e insistimos em não conhecer ou ser.

Lindo, profundo, repelto de significados.


Brilhou mais uma vez, poeta!

Beijo

danilo disse...

dri, obrigado pela leitura
e comentários
sempre generosos