terça-feira, 2 de março de 2010
a palavra e eu - ii
imagem: Luiz Baltar/flickr
pois a palavra e eu
eu e a palavra
temos um caso de amor:
eu a acaricio no cio
ou a repudio
e ela me dá o troco
sumindo no vácuo, em fumaça
e eu fico assim: inerte, bobo,
e a palavra me tripudia
de dia e de noite
me nega o seu contato:
De bocas, caras,
coxas, bundas
e peitos
e corações
e não me embala,
nem se embola em mim:
é o fim?
não, é somente a semente
da dúvida, que me reconstrói
(dói!)
como vinho novo
de vindimas frescas:
eu e a palavra
temos um caso antigo
de amor, à primeira e última vistas:
ela me acolhe, eu a embaralho
e lambo e sugo sua língua:
e não morremos à míngua
pois a poesia singra
nossas vidas, como sangue
vivo.
na veia.
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3 comentários:
A palavra e eu, a palavra e nós, a palavra e o mundo. Às vezes tenho muito medo das palavras e ao mesmo tempo uma atração quase fatal. Assim caminhamos, ora as prendemos, ora as deixamos soltas, ora elas nascem sem esperarmos. Um poema assim foi feito de palavras escolhidas, belas, mundanas e fortes. Um poema assim faz surgir novas palvras que estavam presas nas nossas cavernas. Belo, Danilo, belo poema. Aplausos. Beijo
Você e as palavras tem um caso de amor muito intenso, romântico, sensível, paixão eu diría, e que bom né? porque dessas mistura entre você e as palavras nascem frutos fantásticos, como esse texto!
Um dia lindo!
bjs
ô palavra traideira, danilo! ama a ti, ama a mim, a eles!!
na ponta da língua
líria porto
saí do armário
admito
amo a palavra
e com ela mantenho
relações íntimas
*
besos
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