somos
aqueles que se perderam nas estradas engasgadas de fumaça
de caminhões e de restos de rastros deixados para trás
nos piqueniques
e das orgias dos sedentos que não se contentam com pouco nem com aquilo que a vida
diz que é bastante,
somos
os que se deixaram ficar à margem dos caminhos enquanto as árvores
cresciam, enquanto as pedras
se multiplicavam,
e as luas mudavam nos céus
cor de chumbo ou de avelãs
nas tardes e manhãs avermelhadas
quando os outros iam, a passos rápidos
tomar os táxis, os metrôs, os ônibus,
engolindo fumaça, devorando as idéias,
destroçando os passantes,
pisando os insetos
arrancando asas dos anjos
e os cabelos das horas
buscando o inacessível
sonho(?)
somos
pedaços dos que ficaram, estraçalhados,
nos estilhaços e campo das batallhas
ensangüentados feito pássaros
em abatedouros
enquanto tocavam os clarins, fechavam-se as tendas,
faziam-se as lendas e
mulheres dormiam o sono dos injustos
vetustos generais
nunca mais:
somos
os que insistem em vera vida
pelas frestas da utopia
onde vicejam verdes, vede:
somos apenas paoeira
e a vida não pertence aos incautos.
mas somos. soma de todos os homens
e mulheres do mundo. e nossa
é a herança do universo.
Um comentário:
danilo,
é impressionante a fluidez da tua inspiração poética. Este Soma e o poema seguinte estão fantásticos.
abraço!
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