sábado, 25 de setembro de 2010

uns cantares

i - para(fraseando) nina

..o objeto da minha lírica
telúrica
mora
no meio do peito
mora
dentro da cabeça
mora
no meio de pernas
e eu não me amor/daço
e declaro,
em bom som:
..foda-se o bom-mocismo, caralho
quero-me falo
quero-me fala
lingua e pensamento
penetrando inteira:
poços, fendas,
declives e despenhadeiros
quero respirar o ar
rarefeito
mais que perfeito
destas cordilheiras.


ii - para mercedes

horizonde:
onde
há aortas abertas?
há cadeias a romper?
horizondes
onde o vermelho das grades
tarjas pretas
conclamam ao sono lento
sono lerdo:
grades de ver-me-lhas
contra o concreto
secreto e rude:
onde horizontes
que ainda suportem
o peso dos meus sonhos?


iii - azul-
para nydia bonetti


ensaio um gesto mínimo
e, menino,
de novo ergo meu braço
num abraço
e num gesto extravagante
toco o céu:
um hiato de luz.

6 comentários:

Anônimo disse...

Lindos, principalmente o para a querida Nydia.

nydia bonetti disse...

Impressionante, Danilo, estes cantares tocam na essência de cada uma de nós - fala a nossa língua. Na verdade, acredito que todo poeta fale a mesma língua, com sotaques e tons diferenciados. E é aí, que mora a beleza - várias vozes, vários tons, vários instrumentos - numa sinfonia delirante chamada poesia. Menino que toca o céu... Amei.:)Obrigada, beijooos!

Cosmunicando disse...

cantares que são partituras, música sem som... cantares cântaros de imagens derramadas sobre os olhos.

danilo, que bonito tudo isso, e que bonito é seu pensar para nós... eu fico aqui encantada, e vou colocar seu poema junto à foto no Olhar de Lambe-Lambe.
você não sabe, mas toda a minha busca na área fotográfica vai de encontro a isto que você fez: uma imagem que inspire, que diga algo.

super obrigada poeta!
grande beijo :)

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Lindos versos... lindos!

Adriana Godoy disse...

Danilo, com esses cantares, a vida fica mais doce. Lindos, lindos. O da Nina é de lamber os beiços. Beijo

nina rizzi disse...

amigo querido, to lambendo os beiços mesmo, que é bom assim se fartar de poesia. viva nóis!