sexta-feira, 30 de julho de 2010

rotas


ouvivendo ia
as batidas três na porta
no telhado eram
lentas suaves
eram goles de angusturas
e licores
exóticos quando
as batidas cresceram
se avolumaram
sólidas como pedras arrebentando
as portas
irrompendo rio a dentro
do peito oco
eram: bum clash pow
estourando tímpanos eu
não esperava ninguém estava
lendo kerouac e devorando Cecília
e gudino kieffer para te comer
melhor e fiquei ali estatelado
estrelado ovo como
uma papa: supor o suor já era muito e eu
não entendi: àquelas horas mortas
mortos descansam nus cemitérios
e porque então aquelas batidas zueirando minha porta
louca desvairada cabeça ouvivendo ainda muiiito mais potentes
os gritos der penadas os uivos de lobos
os roncos das máquinas na rota 51
kerouac muito louco atraviesando visões no meio do caminho
tinha muitas tantas tontas pedras
montanhas
que a fé nem removia...
de repente clamei santa Cecília santo gudino são kerouac
livrai-nos do mar de soslidões
destes pesadelos sóliquidos
se liquefaendo nossas cabeças
são Edgar.allan Poe
são Blake e seus tristes tigres
rondai por nós
e de repente: shhhhhhhhhhhhhh
silêncio profundo
de profundis
cuores:
não mais batidas não mais atabaques
não mais tambores nada:
só asas de aboboroletas
farfalhar de pássaros
e tudo tudos
mudos
na paz.
Eu e kerouac e Cecília
E gudino e Allan Poe
E Blake
Cirandando na roda
Inflorerescendo
Faiscantes caracorais.
shhhhhhhhhhhhhhhhh...

3 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Essas rotas, me fizeram refletir sobre as rotas internas.
bjs

Lou Vilela disse...

Como bem destacou a Albuq, estrada sinuosa que nos remete à reflexão.

Grandes referências no decorrer do poema! ;)

Beijos, meu caro!

Adriana Godoy disse...

Essa estrada tem só santo bom. Muito lindo e tocante seu poema. Dá vontade de caminhar junto. Bj