terça-feira, 8 de setembro de 2009

: ainda espero


foto: crazy bright- flickr/Miss retro Modern

,mas já não procuramos mais.nem ais., houve tempos em que a vida era uma busca: eu buscava o santo graal, a pedra filosofal, andei em busca dos anéis de saturno e dos mágicos dos círculos de fogo. eu fui inteiro busca todo busca e andava em círculos procuando as verades as mentiras as meias verdades as meias mentiras e ninguém me tirava o sonho de encontrar o caminho, os caminhos: os caminhos eram como aquelas estradas de tijolos amartelos lá do reino de Oz, onde maniqueisticamente conviviam as fadas más e as bruxas boas- e onde os desajustados e desajeiados todos se entregavam a uma camaradagem e a ua solicitude bem ao estilo roliude de só ser feliz: do re mi fá so la si cinema de ilusão ah...até me lembro da grande ilusão de renoir que caso com as cores e desfazimentos das telas do outro renoir mas, tô divagando eu falava de buscas: houve tempos em que buscar era meu esporte predileto. esporte? nem era esporte, era muito mais uma contemplação, uma parada assim meio budista meio zen sem sentido? já fui hare já fui rama sem rumo sem remo em águas tumultuadas sem rima nem poesia já fomos uam caralho de istas de ismos que nem os neologismos conseguem aclarar. e buscamos e buscamos e os caminhos que se abriam em leque em lokis em rocks doidos em viagens tortas em idéias loucas em doces morangos apodrecendo no tempo ah, o tempo esse senhor tão sereno que serena ânimos aninhando como filhotes os sonhos mais ousados no seu colo de mãe... houve um tempo assim que eu buscava- buscava tudo e tudo era motivo de encontro de encanto de cantos e contracantos- tudo tinha um significado louco e especial aquela música aquele verso aquele poeta aquela musa aquela moça aquele livro aquela crença aquele mito aquele sonho ah aqueles sonhos! sonhos acredite neles dizia o poster pregado nas paredes do meu quarto junto com os posters pops da moda marylin guevara mao e mais nem sei quem: andy wahrol se juntava aos pops poluindo paredes com suas sopas e seus minutos de fama e, ah, que tempos eram aqueles, meu?
,hoje acho que estamos em paz. Não busco mais. Me acostumei à paz, ao pus das feridas deixadas quietas e das cica-tizes marcadas na pele como diretriizes e nutrizes de um tempo novo: um tempo em que é preciso estar em paz-assim- na beira de qualquer precipício.
estou à beira do precipício,sim, no fio da navalha. estou no topo d montanha, no mais profundo fiorde gelado, na mais quente cratera de vulcão e tudo é tão...circular, que já não importa mais e os rios correm para direita ou para a esquerda, se os rios fazem as curvas, se os ventos fazem as curvas, se o tempo faz a curva...como a serpente mística sou um uroboro repaginado- que morde a própria cauda em busca do principio e do fim. Há um cio em mim. de criação. mas não mais a busca desenfreada por tudo e qualquer coisa. estamos em paz.mesmo sentados à beira dos precipicios e das crateras, ainda espero,

9 comentários:

Adriana Godoy disse...

"hoje acho que estamos em paz. Não busco mais. Me acostumei à paz, ao pus das feridas deixadas quietas e das cica-tizes marcadas na pele como diretriizes e nutrizes de um tempo novo: um tempo em que é preciso estar em paz-assim- na beira de qualquer precipício." Um texto magnífico, filosófico, original e nada piegas. Destaco esse trecho acima pela intensidade e pertinência. É assim que me encontro muitas vezes. Parabéns, beijo.

anamineira disse...

Danilo,
Tudo que vem de voce é muito bom.
Os valores mudam, o mundo está de ponta cabeça e essa paz que antes, parecia tão distante, foi preciso trazê-la para o "agora", mesmo estando a beira de um precipício. Sabemos que não é fácil, mas com todos os mergulhos nesse mar existencial, encontramos diferentes forças. E viva os tubarões, salmões, piranhas e sardinhas que nos deixaram fortes legados.
Um abraço da mineira.

Adrian Dorado disse...

Supongo que serán algunos años acumulados en el devenir polifacético del tiempo de buscar, (imprescindible en aquellos momentos) o quizás el filo frío de la muerte a la que pude hacerle una gambeta con un "pera ahí, nâo ê agora nâo" y ella, concesiva, me impuso la condición de la tranquilidad existencial, la paz. Claro que allí, precisamente, en ese borde difuso de saber que se está y que no simultaneamente; y una paz sólo lograda al aceptar que la vida es un misterio inescrutable y de aprender que a los misterios se los acepta y disfruta dado que, develarlos, conduce al aturdimiento o al dogma.
Si, definitivamente hay cosas que se aprenden con la edad y las experiencias que vienen añadidas.
La paz me es consecuencia del desapego y la aceptación.
¿Qué otra cosa podría generarla, no?

Claro que coincidimos Danilo
¡¡Cómo no entenderte!!

Um abraço

# disse...

esse oroboros que morde a cauda infinatamente...
já, em mim:


uma serpente dorme
alheia à toda ficção!


ótimo blog, fiquei cativa...

A Gata por um Fio

danilo disse...

adiana- obrigado pela visita e pelos coments sempre generosos

aninha- que bom te ver aqui- gosto muito de ler seus textos, também- ssempre muito poéticos e sensíveis-

adrian- sua visita é sempre boa! e seus comentarios inteeligentes incentivam-me a continuar neste oficio da escrita...e na paz!

Gata,
que bom vc.ter gostado do blog- e qual é o seu blog?gostaria de ver seus escritos.

Bibiana Poveda disse...

Danilo: qué excelente. me recontra metí en el ritmo acelerado de la búsqueda, hasta el final de paz a la orilla del precipicio.
un saludo grande. ¿vivís en brasília? yo viví siete años allá...
abraço!

nina rizzi disse...

adoro a sua prosa, danilo.
fico até mesmo... esperando :D

beijo.

danilo disse...

bibiana,
gracias por leerme. Y onde tu escribes? hay un blog solo?
abrazos Danilo

danilo disse...

nina,
obrigado. também sempre espero seus textos. com ansiedade... grande abraço Danilo.