quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

NÃO CHORE, BABY!

Não chore, baby!
O que nos resta senão arrancar
Deste solo árido
Esta impossível flor
Feita de pedra e cor?
O que nos resta, senão viver,
Pressentindo na entrelinha
O contínuo desfazer?

...Olho teu rosto claro e este sorriso largo que faz vibrar os teus olhos, emoldurando teus lábios. Na cor deste teu sorriso vejo a dimensão dos sonhos, dos loucos sonhos que inda em vão sonhamos.

...Cabem nele velhos e longos dias de espera e encantamento, os velhos sonhos reamanhecidos em cada manhã de névoa.
Neste teu sorriso largo cabe o mundo de brinquedo, com que brincamos um dia, pensando em inconseqüências, quando as manhãs eram promessas, as tardes longas esperas e as noites brilhos de estrelas. Varávamos a noite a dentro, em ritmo alucinado. Tudo era festa, então, tudo era festa.

O que nos resta, senão este acre sabor
De coisas que não sabemos mais?
Já não sabemos a sonhos
Nem a luzires de estrelas
Nem a madrugadas densas
Prenhas de luz
Que hoje nos trazem marcas
Do tempo, animal medonho
Que não soubemos domar.

...E o sonho já não cabe na palma de nossas mãos. Seremos hoje áridos arremedos de nós mesmos, nesses medos ensimesmados?
Mundo, mundo, mundo,
Seremos eternamente enigmas de nós mesmos
Esfinges de nós mesmos
Devorando-nos as entranhas?

2 comentários:

Anônimo disse...

Obrigado, muito, Dan.
Você é um dos raros a entender o espírito daquele poema, as pessoas em geral caem na armadilha e vão, correndo, aos jogos sado-masô. Claro que faz parte mas estou falando do que a Poesia é capaz de fazer com a gente, pobres súditos-poetas.
Desculpe, estou correndo como um louco, tenho recital e lançamento dia 30 deste, já-já, portanto. E não tenho quase nada pronto. Também estou sem computador pessoal e ainda bem que existe uma ong, projeto de inclusão digital, aqui no bairro e o pessoal abriu pra mim. Mas não posso abusar.
Preciso de você.
Pode me emeiliar?
samuca santos, PX, Olinda.

Anônimo disse...

Porra, postei o comentário errado no lugar errado. Mas...
Você É um Poeta.
Prometo, quando a chuva passar, arranjar um guarda-sol e ficar a ver navios navegando no seu blog com a máxima atenção.
Gosto da tua escrita.
Vai fundo que é raso!
samuca santos, PX, Olinda