terça-feira, 2 de agosto de 2011
lobos
imagem: katie@/flickr
os lobos urram nas estepes e na neve gelada
suas impossibilidades. e suas improbabilidades
caminham junto com eles, as patas marcando
descaminhos, em busca da carne e das fêmeas
que se perderam
os lobos urram seus cantos de agonia
para uma lua indiferente,
para aum céu de chumbo e estanho
estranho céu de claridades alteradas
os lobos uivam e os coiotes
também se irmanam e se agrupam
nessas caçadas ancestrais
nas estepes geladas, a névoa seca,
a neve impiedosa
como facas
cortando as patas
os lobos uivam
e não sabem
como se traduzir:
não há som possível
não há palavra em suas línguas
enquanto seus corpos minguam
em busca da carne
escassa:
os lobos.
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3 comentários:
Oi, Danilo. Lindas as imagens criadas a partir de seu poemas e tristes.
Há algum tempo fiz um poema com o mesmo título. Completamente diferente.
Postei aqui só a título de curiosidade.
Gostei muito do seu. Beijo
LOBOS
quando lobos da cidade com seus olhos de neon
sobem solitários a ladeira fria do bairro
mesmo que não tenha lua e a noite seja de ventos
pensam em suas vidas na fumaça e no uísque que deixaram nos bares
nas mulheres que beijaram e juraram ser únicas
pensam que amanhã pode ser diferente mesmo sabendo que não
entram em casa e olham suas mulheres
dormindo amassadas e quase puras e os filhos no quarto ao lado
esses lobos viram anjos subitamente
vestem a camiseta branca e escovam seus dentes
como a limpar os restos do pecado
desejam bons sonhos em silêncio
se enroscam em suas mulheres sob o edredon macio
à noite se esquecem e voltam aos lugares perdidos
beijam mais mulheres e bebem mais uísque
marcam seu território com mãos, línguas e histórias inventadas
e a lua aparece azulada e tímida
esses lobos uivam e seus olhos são de neon
lixo
lixo
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