terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

tudo é belo


imagem: H.KoppDelaney

não deixe que meus sentidos
escorram por entre seus dedos
seus medos
esqueça-os
em qualquer mesa
de um bar qualquer
não deixe que as carícias
sobre a tua pele
flor
se desmanchem em gotas
de cristais
que já não sabem mais
a cheiros de jasmins
perdidos em jardins
de antigamente
não deixe
que o belo perca o caminho
das nossas vidas.
tudo é belo
belo é o sexo belo é o amor
belo é o sexo com amor
ou sem amor
belos são os sentidos
que se alvoroçam
e os amores
que se arvoram
em pássaros na madrugada.
bela és tu. belo sou eu.somos
belos
porque somos humanos.somos humus
e sumo somos soma
somos
o cantaro da natureza
que se orgulha de nós.
não deixe
que escorra entre teus dedos
aquilo que te ofereço
luas cheias, estrelas incandescentes,
a carne irisdecente,
versos indecentes
sexo latejante
caricias volúpias e sentidos
puros ou torpes:
tudo é belo. tudo é puro.
tudo é sagrado.
tudo canta em unissono
a cantiga do universo
que infimo
se esconde
em cada canto de nós
assim
quero me paramentar
de vestes púrpuras
e encenar rituais
ao nossos encontro sagrado:
vou me vestir de leves
barulhos matinais
trazendo o sol em meus olhos
e a lua nos meus dentes
quero te encontrar
e partilhar contigo
O universo
Rompendo as cascas
e as marcas
de dias inúteis
e dores sombrias
olha: o céu nasceu agora
e brilha
na palma das nossa mão.

3 comentários:

nydia bonetti disse...

Nossa... Que poema, Danilo!

tantos se perdem
em jardins de antigamente enquantos flores raras brotam
em vasos pequenos
à nossa frente

[ é preciso cuidar, é preciso regar
é preciso que haja sol

OBS: Não desisti do livro nem do teu prefácio - me aguarde. :) Abraços.

Adriana Godoy disse...

Aplausos de pé, Danilo.

Moisés de Carvalho disse...

Magnifico!

sua palavra flui .majestosamente...!

abraços !