quarta-feira, 20 de outubro de 2010

de:liriums


imagem: Jnarin/flickr

solidão- sólida como pedra
rocha voadora que veio se abater aqui,
no meio do meu coração
branca como parede de cal soprando ausências:

A solidão é uma parede branca
Caiada de ausências
Que germinam no corpo
Rememorando dores:
Tudo o que podia ter sido.
Não foi.
É uma ária de Bach
Adejando os ares
Num stradivarius
Sem ouvintes:
Antes, o corpo dançava
Ao som de estrelas
E os lençóis amassados
Eram nosso presente
De natal.
Hoje, não más marcas
Nos panos ou no pescoço
Beijos, flores mortas,
Murtas secas, no jardim:
A solidão é uma parede caiada
Branca de ausências
Onde a luz reflete
Promessas vãs:
A solidão.
vi
Porra, acho que deliro
em lírios mortos:
foda-se: estou vivo
tanto
do começo
ao fim
e tropeço
nas esquinas
de nós tudo, todos,
tantos,
imagem: sex bomb-lovepie
não te querer assim: sonhadora, romântica,
buscando alhures o que aqui não se encontra:
o sonho martelava idéias sobre a cabeça e o coração
enquanto o corpo apenas se jogava inteiro
naquele jogo de sedução avacalhado:
mão na mão olho no olho pele na pele
calor e tesão: um avanço, um recuo,
outras idas e vindas, lindas as palavras ditas
e os sussurros gemidos ao pé do ouvido gargantas secas bocas sedentas mordidas lambidas salivas lânguidas escorrendo pelos cantos

Colados
Calados
Selados
Suados
Su(surrados)
O corpo encontra outro corpo:
Porto inseguro
Augúrio do velho
Do mesmo tema:
Janela vedada
velada
A alma se guarda
Em qualquer redoma:
O corpo não: faz-se
e se refaz
Entre Dioniso e Eros
Erra quem busca
alguma coisa mais?

longe daqui, desta cama macia com lençóis brancos
e travesseiros cheirando a erva-cidreita
pairam os sonhos jogar-se sobre o leito e desfrutar a carne,
o desejo explodiindo, os corpos em êxtase, tudo tudo
e as palavras soltas ditas assim sem mais rodeios
muitomais que o te amo muito mais do que te adoro muito mais do que as pérolas de chuva
e do que as rosas vermelhas sobre a mesa muiito mais:
os sentidos e sua jornada noite adentro gozo gozo gozo corpos embolados enroscados: amor?
Não te querer assim, lírica, leve, mística,
rósea: te querer assim: crítica, cítrica,
inteira no seu torpor e no seu gozo múltiplo: amor?

Sob o cisne afoita,
leda cisma
enquanto frui
o instante:
será amor
a alquimia dos corpos
ou pura anarquia
do desejo?
ainda assim, quero ser todo
o estupor e todo o espanto
do que se faz novo
enquanto canto
o doce ofício do ócio
o osso dócil do ofídio
tanto mais doce
Porque inexistente.

7 comentários:

Domingos Barroso disse...

Para alguns um poema
para se ler e ouvir
com um copo de uísque
(ou vinho) para outros
uma xícara de cafezinho.

Eu li com os pulmões encharcados
(de tudo que é intenso)

Forte abraço,
camarada.

JOCARLOSBARROSO disse...

Interessante e inteligente suas poesias. Estou te seguindo.

Moisés de Carvalho disse...

esplêndido !!

voce tem o folêgo dos grandes...!

um grande abraço , meu velho !

Adriana Godoy disse...

Danilo, que beleza, moço. " A solidão é uma parede branca" belíssimo e comovente poema, dá vontade de ler e ler e ler...Você é grande, poeta! beijo

Anônimo disse...

Eu lendo, correndo, imaginando o que nos come mais, a solidão, o desejo... ah, nossa, incrível seu poema!

Beijo.

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Lindo!

Lou Vilela disse...

Olá, meu caro!

Teus escritos encantam...

Beijos,
Lou