quarta-feira, 28 de julho de 2010
affair
pois a palavra e eu
eu e a palavra
temos um caso de amor:
eu a acaricio no cio
ou a repudio
e ela me dá o troco
sumindo no vácuo, em fumaça
e eu fico assim: inerte, bobo,
e a palavra me tripudia
de dia e de noite
me nega o seu contato:
De bocas, caras,
coxas, bundas
e peitos
e corações
e não me embala,
nem se embola em mim:
é o fim?
não, é somente a semente
da dúvida, que me reconstrói
(dói!)
como vinho novo
de vindimas frescas:
eu e a palavra
temos um caso antigo
de amor, à primeira e última vistas:
ela me acolhe, eu a embaralho
e lambo e sugo sua língua:
e não morremos à míngua
pois a poesia singra
nossas vidas, como sangue
vivo.
na veia.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
o que seria dos versos se as palavras não mantivessem esse caso de amor com você? Nem sei... ainda bem que existe.
linda poesia,
bjs
Caso irremediável, sei como é... ;)
Beijo,
Teatro da Vida.
palavras...é lindo o teu gingado com elas !
levitei...!
um grande abraço !
Um affair como esse é o que se espera de poetas como você. Muito lindo, intenso, bom de ler. beijo.
ah como eu queria ter esse affair, esse caso escandaloso que você tem com a palavra!!
:)
abração
Postar um comentário