sexta-feira, 14 de setembro de 2012

que

que a poesia nos faça a vida leve
e o tempo não seja breve:
que o fardo não pese
mais do que nossa força
e que a beleza não seja
apenas o vermelho da cereja
encimando o bolo:
que a vida nos seja lira
de cordas mansas e oníricas
a nos desvendar caminhos
inimaginados.
depois da curva
a sessenta
onde o mundo
nos leva?
surpresas ainda existem
e nunca o primeiro amor
será o último:
tomara que a vida seja
sempre um ato de surpresa
não apenas ócios
de um dificil oficio
não apenas vicios
de respirares fictícios
não somente ossos
remanescentes de bichos:
que a vida seja eterna
enquanto existir ternuras
em cada mão que se toca:
toma a lira, toma a luva
encaixa em sua mão precisa
e desencaixe os sentidos:
uma, apenas uma, das nossas rugas
vale um inteiro universo
enquanto livre sorvemos
o perfume dos lírios.


Um comentário:

Adriana Godoy disse...

Danilo, vir aqui e encontrar esses poemas tão expressivos, contundentes e líricos faz o dia melhor.Obrigada por seus poemas, por suas palavras, por tudo, enfim. Beijo