terça-feira, 18 de outubro de 2011

uma banana pro caos

e vi um cão
latindo pro caos:
ou cais?
pontos de interceptação
ou de interrogações
de partidas:
vindasvendasidassendas
vidasvidasvidas
uividos lobos
cão e caos
de bocas abertas
narinas arghfantes
inalando o breu
de hiimalais profundos
ou subterranicos
fossos
abissais.
um cão um caos
um cais
um cai
outro cai
numa rede inconsútil:
vida.

...ah, dinda nina você todos nós:
prá que tantos guardados
tantos baús, bués, boás,
prá que tanta coisa organizada em tantos prateleitos
sem eiras
sem beiras
prá que tanta lembrança acumulada
papeis nas gavetas, roupas
nos armários,
latas, garrafas, cartões, cartas amareladas,
fotografias
de velhos tempos
música: vinis, cds, cassetes,posteres,
postais de viagens cabeça
espirituais, spirituals
cânticos
tanto canto amontoado
tantqas pregas no tempo
tantas rugas,
rusgas, nesgas de ontens,
vislumbres,
alumbramentos:
prá nada, sabe,
prá nada:

 eu vi um cão uivando(sim, feito lobo)
uma imagem única
 e nítida
uma imagem cínica:
o tempo o tempo o tempo
a vida é átimo
como um bater de asas de cigarra,
um cigarro a se esvair entre os dedos,
um salto no escuro:

prá que tanta lembrança
se não podemos empilhar os dias
prá sacar- dias felizes de então-
quando a maré sobe?
dias não se empilham
não se empalham feito bichos
não se guarda em gavetas:
dias passam
e dias virão:

então
somos o cão
dando uma banana pro caos.

Um comentário:

Adriana Godoy disse...

Danilo, belamente caótico ou cãotico. Arrasou, poeta. Beijo