domingo, 29 de novembro de 2009

cru


imagem: the beggar- flickr/clownbastard

meu verso é cru,
é avesso
meu poema é escroto
é abjeto meu objeto
lírico:
dorme nos bueiros, nas cânulas
transita pelos becos
fede,
fode,
escondido nos cantos
dos viadutos.
mas fala de vida- disfarçada em morte
ou de morte em vida-tanto faz:
meu poema é incapaz
de se sentar em cadeiras estáticas:
é fugaz
e se esconde do neon.
...ao redor da mesa
dormem as cadeiras.
estáticas e sem êxtases
as palavras furtivas
não se furtam ao tato. mas
não há quem as recolha
E perecem.como frutas
podres, em odores
fétidos.
Não há quem as colha
em sua plenitude:
dormem os homens
ao redor das cadeiras.

3 comentários:

Adriana Godoy disse...

"dormem os homens
ao redor das cadeiras.", um poema com esse arremate, um poema com essa força, o verso que não dorme, enquanto as cadeiras estáticas. Maravilhoso, Danilo. Beijo.

nina rizzi disse...

deve ser por isso tudo, e o mais, que amo sua poesia...

eu fico com os rotos, camarada.

anamineira disse...

Caro amigo,
Ando sempre por aqui.
Venho matar minha sede.
Saio em silêncio, mas saciada e encantada.
Um abraço apertadim assim...asim..