quinta-feira, 2 de junho de 2016

. minha cidade

..quando vai chegando
a curva do carambola
já antevejo a cidade
que me viu chegar
ao mundo:
depois da empresa
a fábrica e sua vila
de casas. seus
 tecidos. seus teares
tecendo histórias
de tanta gente. ali trabalhei
por alguns anos
naqueles casarões azul
e branco coloniais
como fazendas
lindos
e ali fiz amigos.

a seguir chega a baixada
de são sebastião. de tantas
lembranças tantas festas
velhos bailes no industrial
quem não se lembra
das horas dançantes
dos reveillons
dos carnavais
ah!e mais:o baile hippie
do amor e paz...

rodam o carro
e as lembranças
vem aflorando:
são tantas
que nem cabem aqui:
nós meninos a brincar
de pique
de artista e bandido
revólveres de raiz
de mariazinha
que tinha uma flor branca
e perfumada
jogo de finca
rodar arco
biroscas meia lua
e papão
correr de mãe e se
esconder na rua
prá fugir da surra
pela arte praticada
e de noite
banho não:
era só lavar os pés
e dormir cedo
e o medo de assombração.

já maiores
era o medo do pecado
quando passavam
mão em mão
aquelas velhas pornografias:
mulheres peladas
fodas desenhadas
na imaginação
e nas punhetas homéricas

ah! minha cidade que me traz
mais paz:
cá estou mais uma vez
e minha voz se cala
e emudeço em silêncio
quando vejo
esses lugares plácidos
onde aprendi que a vida
se faz, assim de mansinho,
e que quando nos damos
conta
vai indo
e levando tantos
que amamos.

cada passeio
cada passo
nessas suas ruas
ecoam
em mim
velhas memórias
de gentes e coisas
que dormem
em meu coração:

alvinópolis
você não é apenas
uma foto desbotada
ou brilhante
nos feicebuques
você é um buquê
de lembranças vivas
e de dias que virão
felizes
prá quem sabe
viver ver
e ouvir
você!

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