quarta-feira, 9 de junho de 2010

contra as luzes


imagem: tanakawho/flickr

a noite afoita corre
contra as luzes da cidade
e insiste
em se esfregar
em camas vazias.em buracos negros.
em cantos escuros. em escadas sujas.
em lençóis de traças.

a noite corre, contra o neon
e os luzires
das vagaluzes que piscam
no coração da treva.
uma falsa noite brilha
intensa
com brilhos de diamantes
ofuscados
pelos vícios.

e as gentes
se jogam,. se estragam
ao som de ondas
de solidão e desespero.
anônimos, se entregam
à muralha inconcebível
dez mil decibéis:
zanzam, zoam, rodopiam
zangões irados
moscas tontas-fartas
de tanta luz:

às vezes, tropeçam,
caem,
rompem o caos
contra as luzes
que se afastam
fatais
rumo ao nada.

a noite corre, fatídica
contra as luzes lilazes
de prazeres
contra copos que se cruzam
contra os corpos
nus
crus em seu exílio
buscando o porto
inexistente
nos bares,
nas casas,
nos catres
e catracas.

mas tudo isso é o nada.
que lhes resta viver.

3 comentários:

nina rizzi disse...

danilo, as noites se repetem e são as mesmas, em bsb e na fotadeleuze.

gosto e vejo o mesmo. e mais.
beijos.

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Oi Danilo,

simplesmente essa noite e as luzes se embriagam nas poesias... adorei.

bjs

Adriana Godoy disse...

a noite sempre traz sentimentos meio estranhos. sempre gostei da noite e de seus significados. esse poema me trouxe a noite com suas luzes de neon, seus amantes, seus barulhos e silêncios. lindíssimo poema, com um tom meio angustiado de quem sabe o que é a noite! beijo.