Inconsúteis teias tecemos
ao redor do inconsciente
como aranhas artesãs
antecipando as presas
das manhãs.
Não sabemos,porém,
quando surgirá a fera
que ruge
vomitando
ameaças e mordaças
sobre pássaros indefesos.
Às vezes, os pássaros
é que se transmutam em feras:
ver um bando de garças
a destroçar com os bicos
restos mortais
de pardais
dói, mas devolve-nos
dos píncaros
aos precipícios.
A inocência lírica da criança
brincando indefesa
brindando-nos com a beleza
de olhos de luz:
De repente, o pus.
o mal, o horrível
que se verte pela boca,
que escoa, que voa,
como agourentas aves
buscando rapinagens
inimagináveis
entre destroços.
Os líricos lírios
de alvura transcendental
crescem, viçam,
sobre o pântano fétido,
sobre o lodaçal.
E o bom selvagem?
Onde anda o bom selvagem
a imagem miragem de Rousseau?
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