O que seria das noites
sem seu cortejo de estrelas
sem os cantares dos grilos
e as luzes dos vagalumes
a iluminar seu negrume?
O que seria das manhãs
sem as orquestras de galos
anunciando as auroras
e tecendo cores novas
como tramas de arco-íris?
O que seria das tardes
sem alardes
sem os cantos das cigarras
sem crianças, sem barulhos
e arrulhos de pombos?
E o que seria dos homens
sem a lira, o delírio
e os lírios do poema?
Seriam todos mais tristes
todos tigres enjaulados
presos aos vãos
desvãos da miséria humana:
a poesia é que nos redime
desta sorte insana.
sobre a obra
Poema em homenagem ao poeta João Cabral de Melo Neto, inspirado no poema "Tecendo a manhã".
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