Sou poeta. E por ser poeta canto
a leveza do fardo,
a beleza do cardo
do mar
do fogo-fátuo
que exala formas no ar.
E canto enquanto vivo.
Canto a beleza do instante
mutante,
inconstante,
do incessante vir a ser.
Canto o transitório
e o transe dos amantes
lapidados diamantes:
canto os laços desfeitos
e os liames que virão.
Não gozo gozos aflitos
nem sofro horrores.
Sou calmo. Sorvo pranas,
sou zen, sou sem destino
no mundo.
Por isto tudo é que canto.
A canção é para mim,
para ti, para nós,
canção sem fim.
Canto canções
da transitória permanência,
essências de vertigens
e caminho contigo rumo ao novo,
ao velho, ao novo
romper do ovo,
buscando transcendências
e inconfidências
contidas em corpos e almas
para confundir as mentes.
Por isso, canto. A beleza do verso,
a fúria do verso,
a flor do cume e o lírio do lodo,
o tudo e o todo,
o inútil e o passageiro.
Amanhã, na manhã, posso ser nada,
Posso ser nódoa que fica
na folha de papel.
Mas não importa. Enquanto eu vivo,
canto,
e teimo em buscar o céu.
Brasília(DF), 19 de abril de 2008.
sobre a obra
Poema inspirado pela obra magnífica da grande Cecilia Meireles, poeta modernista que cantou o efêmero e o transitório da existência e do também grande poeta Walt Whitman, americano, romântico moderno, naturalista e telúrico, que cantou a grandeza e a beleza das relações humanas, do homem na natureza e da benesse divina da vida humana, em sua plenitude como criaturas
2 comentários:
ah...vc é um poeta sim...beijos orgulhosos
que lindo poema.
abraços,
Francinne
http://francinneamarante.blog.uol.com.br
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