sábado, 19 de abril de 2008

TRANSITÓRIA PERMANÊNCIA

Sou poeta. E por ser poeta canto
a leveza do fardo,
a beleza do cardo
do mar
do fogo-fátuo
que exala formas no ar.

E canto enquanto vivo.
Canto a beleza do instante
mutante,
inconstante,
do incessante vir a ser.
Canto o transitório
e o transe dos amantes
lapidados diamantes:
canto os laços desfeitos
e os liames que virão.

Não gozo gozos aflitos
nem sofro horrores.
Sou calmo. Sorvo pranas,
sou zen, sou sem destino
no mundo.

Por isto tudo é que canto.
A canção é para mim,
para ti, para nós,
canção sem fim.
Canto canções
da transitória permanência,
essências de vertigens
e caminho contigo rumo ao novo,
ao velho, ao novo
romper do ovo,
buscando transcendências
e inconfidências
contidas em corpos e almas
para confundir as mentes.

Por isso, canto. A beleza do verso,
a fúria do verso,
a flor do cume e o lírio do lodo,
o tudo e o todo,
o inútil e o passageiro.
Amanhã, na manhã, posso ser nada,
Posso ser nódoa que fica
na folha de papel.
Mas não importa. Enquanto eu vivo,
canto,
e teimo em buscar o céu.

Brasília(DF), 19 de abril de 2008.


sobre a obra

Poema inspirado pela obra magnífica da grande Cecilia Meireles, poeta modernista que cantou o efêmero e o transitório da existência e do também grande poeta Walt Whitman, americano, romântico moderno, naturalista e telúrico, que cantou a grandeza e a beleza das relações humanas, do homem na natureza e da benesse divina da vida humana, em sua plenitude como criaturas

2 comentários:

maria neusa disse...

ah...vc é um poeta sim...beijos orgulhosos

Francinne Amarante disse...

que lindo poema.
abraços,
Francinne

http://francinneamarante.blog.uol.com.br