1.
lanço-me ao cais do efêmero
e como concha me calcifico
e como concha me calcifico
: naquele tempo a gente era feliz
e nem havia tempo: era um suceder
de horas quentes,
ritmalucinado
e sonhos engendrados
no varal das noites
de toda estação
e nem havia tempo: era um suceder
de horas quentes,
ritmalucinado
e sonhos engendrados
no varal das noites
de toda estação
...estivemos aqui.
nestas muralhas
de rochas
gravamos
a canivete
nosso momento de lis
mil novecentos e cinqüenta e cinco
mil novecentos e sessenta e oito
mil novecentos e sessenta e tantos
2. no mínimo transitório
a canivete
nosso momento de lis
mil novecentos e cinqüenta e cinco
mil novecentos e sessenta e oito
mil novecentos e sessenta e tantos
2. no mínimo transitório
amamos..?
navegamos à deriva
em mares interiores
em sargaços infindáveis
e nos sonhamos eternos
navegamos à deriva
em mares interiores
em sargaços infindáveis
e nos sonhamos eternos
e nos sondamos internos
infernos a desabar
e céus de huxley
mas não somos.
apenas
as pedras são.
em seus retiros minerais
imemoriais.
mas não somos.
apenas
as pedras são.
em seus retiros minerais
imemoriais.
3. transito entre o provisório
e não me quantifico
nem dias, nem anos,
e não me quantifico
nem dias, nem anos,
as pedras choram
lágrimas de séculos
e se recolhem
às suas entranhas.
seus veios minerais
recolhem impressões
e calcificam saudades:
..estive aqui
joão ama maria
turma de 1950
voltamos um dia...
4. a memória são planos
sobrepostos
lágrimas de séculos
e se recolhem
às suas entranhas.
seus veios minerais
recolhem impressões
e calcificam saudades:
..estive aqui
joão ama maria
turma de 1950
voltamos um dia...
4. a memória são planos
sobrepostos
mil.mil.mil.
dois mil e não se lê o resto
ou os rostos
dilapidados,atordoados
encalacrados na pedra:
sentimentos rupestres
que a água não leva
e a pedra consente
e conserva em âmbar:
prehistórias.
dois mil e não se lê o resto
ou os rostos
dilapidados,atordoados
encalacrados na pedra:
sentimentos rupestres
que a água não leva
e a pedra consente
e conserva em âmbar:
prehistórias.
5. na dualidade,pressinto
os longinquos nirvanas
(e as estâncias zen)
a poesia se
instaura,
sorrateira
nesses ideogramas:
painel alucinado
do rude sentido
faiscando na pedra:
cacos, nacos de sonhos,
De tempos resgatados,
dos lembrares
6.sigo assim,
sorrateira
nesses ideogramas:
painel alucinado
do rude sentido
faiscando na pedra:
cacos, nacos de sonhos,
De tempos resgatados,
dos lembrares
6.sigo assim,
di/lapidando pedras
do caminho
para rasgar estradas
ou detonando estradas
para florirem as pedras
do meio do caminho
do caminho
para rasgar estradas
ou detonando estradas
para florirem as pedras
do meio do caminho
as pedras falam:
sim,
a linguagem singular
do diamante e carbono
do opaco sentido do humano
e suas contradições:
brilho e obscuridade
têmpera fria do aço
e têmpora anêmica
que grava,crava
na pedra, suas sensações
a linguagem singular
do diamante e carbono
do opaco sentido do humano
e suas contradições:
brilho e obscuridade
têmpera fria do aço
e têmpora anêmica
que grava,crava
na pedra, suas sensações
7.as pedras são pedras.simples
como o ar que se respira
a vida é dádiva
rumo ao incerto,
as pedras cantam
canções finitas
minadas pelo tempo
mimadas na memória
o tempo ecoa
nos salões gelados
estalactites brancas
e pontiagudas
apontando ao céu
E ao chão:
a memória canta
cantos de solidão:
8.caminho, voando
no dorso dos poetas
que fizeram sua casa
sobre improbabilidades
canções finitas
minadas pelo tempo
mimadas na memória
o tempo ecoa
nos salões gelados
estalactites brancas
e pontiagudas
apontando ao céu
E ao chão:
a memória canta
cantos de solidão:
8.caminho, voando
no dorso dos poetas
que fizeram sua casa
sobre improbabilidades
ah! painéis de
areia e vento
cadernos de viagem
poemas rabiscados
a giz, grafite , a sangue,
em pedra, papel, ou pele:
somos todos assim.
imersos em nós e os outros
são os outros.
cadernos de viagem
poemas rabiscados
a giz, grafite , a sangue,
em pedra, papel, ou pele:
somos todos assim.
imersos em nós e os outros
são os outros.
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