terça-feira, 13 de outubro de 2009

kamikaze

foto: Depreession the blues- by joana roja/flickr

...lá fora, a primavera prima pelas cores, cheiros, sons e maravilhas. Lá fora.Cá dentro, rola um blues candente, a voz rascante derramando inglórias e dolores. Adora blues seu andamento nostálgico. no seu peito rola um tédio,um ócio,um oco, uma dor que não se explica: ela se foi,e na mesinha, um bilhete de uma precisão cirúrgica:“Não rola mais, meu bem- Bye” sente-se só e pensa no anjo torto de Drummond nos ossos do baú do nava na barata de kafka tão só e abandonada...Pensa e pensa no pneumotorax de bandeira que bandeira meu deus...tudo que podia ter sido ...
e se afoga em lençóis
a ver navios naufragados...
naufraga com eles
numa viagem inexistente
ao país que não é a pasargada
nem wonderland..
os restos de cigarro, os respingos vermelhos
no lenço branco
O vinho pela metade:
únicos vestígios
De sua desaventura.

4 comentários:

Anônimo disse...

Acontece meu querido! Isso é coisa que acontece! hehe

Parabéns pelos versos!

Entre o anjo torto de Drummond e a barata de Kafka... Qual é mais...?

É difíl!

Um abraço pra ti!

Adriana Godoy disse...

Ei, esse texto com tantas referências literárias, a poesia entremeando tudo, um tremendo pé na bunda regado a vinho, a blues, dá vontad de brindar e dizer: que beleza mais triste. beijo.

diario da Fafi disse...

Esse blues interno
esse oco...
velhos conhecidos

RUBENS GUILHERME PESENTI disse...

me lembro num desenho dos simpsons, quando um velho saxofonista de blues diz pra uma das personagens: o blues não é para você sentir-se melhor... é para sentir-se pior.

esse texto nos leva a isso, entre tantas referências dos males da civilização (só pra acrescentar o freud... rs...).

mas ainda assim é pra gente insitir, por mais que possa doer, quando desistir é mais fácil.

abraços.