sei que sou pouco lido
ou quase nunca lido.
é com a palavra que lido
e não me intimida
este falar
para ouvidos surdos
ou para urzes bíblicas:
a palavra é minha lida
minha vida
é lapidá-las
como jóias raras
e tecer-lhe iluminuras
em tessituras
de sonhos
urdindo-lhe tramas
e teias
veias
de veludo
e âmbar
na maciez
de pétalas
e pelicas.
a palavra fez em min
sua morada
e minha alma
é a sacrossanta casa
da poesia
que arrepia a pele,
que brota,se avoluma
como flor,no cio
de explodir
em fruto.
por isso, não me assustam
os versos não lidos
Os olvidos
os verbos não ditos.
assustam-me, sim,
a grandeza e a força
da palavra
desta lavoura arcaica
que, no entanto,
sempre é preâmbulo
do novo:
palavra-ovo
em explosão
de vôo.
Um comentário:
Dan
Acabei de ler no Blog do Marcílio o poema A PALAVRA de Drummond, um dos meus preferidos, pela sua força. Agora encontro aqui este seu Exercí(cio) da Palavra, onde você encerra falando sobre a "grandeza e força da palavra".
Hoje durmo feliz... Lí duas obras primas, dois poemas belíssimos, lições de poesia...
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