as doze tulipas vermelhas brilhavam no vaso sobre a mesa: ainda estavam frescas, vieram de Amsterdã eu mesmo trouxe na minha bagagem de mão no gelo só pra você sentir a energia e a beleza dessas flores- e eu fico olhando essas tulipas tão vermelhas e tão brilhantes gotas de água ainda pairam sobre suas pétalas e o sol atravessando as folhas dão ainda mais realce a este brilho sim que bonitas estão as tulipas... a energia irradiada não atinge no entanto seu objetivo pois ela eu nós estamos todos muito down- não sei se o efeito estufa se o calor maluco deste verão não sei se o cansaço das coisas o descompasso da vida não sei se os momentos que viemos- nada me diz nada, não sei para que serve tanta beleza essas flores vermelhas doze sobre a mesa doze místicos corações atravessados por setas de dúvidas doze míticos heróis atarantados querendo lutar contra um mal que se vê mas que não se vê um mal de almas e de mentes um mal enraizado um mal estar que não se corrige- esses homens de hoje nós e nosso tempo- um tempo em que se insiste em matar a poesia e calar os poetas e dizem pra quê? Pra quê tanta palavra tonta tenta outras tintas fala do real dos tiros dos atabaques das balas perdidas das minas gostosas se jogando ao vento fala do sexo que é bombombom- não sei pra quê tanta poesia esse tempo nublado não combina pra quê falar de bicho do mato de flor que perfuma de pores de sóis e de luas cheias brancas flutuando sobre nossas cabeças é só a lua é só mais um no céu céu ah que céu estrelado lindo essa via láctea se derramando sobre nós esse sentimento queimando no peito epa! Olha a poesia se infiltrando disparando seus dardos não sei se vou resistir a estas belas doze tulipas vermelhas brilhantes sobre a mesa... sim, sei que elas vão secar, murchar, apodrecer e enfim virar pó- sei, mas é assim: a vida é assim, assim é a poesia- o sentimento do perene e do efêmero. E quando nos dissermos relaxa meu bem é só sexo o que nos une lá no fundo sabemos que não: há qualquer coisa no ar.
há pétalas que antecedem o caos
há petalas que sobrevivem ao caos
há pétalas que fenecem no caos.
o homem não.
há pétalas que antecedem o caos
há petalas que sobrevivem ao caos
há pétalas que fenecem no caos.
o homem não.
5 comentários:
ótimo isso "relaxa, meu bem, é só sexo".. é, no fundo não é, mesmo quando é...
e eu adoraria ter um cão assim faminto e fiel pra me trazer flores congeladas.
lindíssimas as imagens, a usada do flickr e muito amis as que me sugere..
um beijo :)
doze tulipas que indicam que a beleza é efêmera, a vida, o sexo, tudo, mas que vale a pena ter doze tulipas sobre a mesa e ficar admirando esas coisas como um presente lindo e fresco, que vale o céu cinza pq tem tulipas que são vermelhas e perfumadas, mesmo que amanhã ou depois elas virem pétalas murchas e sem cor. danilo, seu texto, pura poesia, o homem sobrevive ao caos, aliás, ele ´o caos, mas seu texto é um oásis nesse mundo doido. Lindo, lindo, parabéns. bj
digo, "essas" coisas...
A vida presa nas tulipas
O homem se fortalece no sentimento do perene e do efêmero.
bjs
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